Doenças preveníveis por vacinas: DOENÇA MENINGOCÓCICA
A doença meningocócica, também conhecida como meningococcemia, é uma entidade clínica causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) e continua sendo um problema de saúde de grande importância em todo o mundo. As infecções ocorrem sob a forma de doença endêmica, ocorrendo surtos esporadicamente, sendo o meningococo C o mais prevalente no Brasil.
Muitas pessoas são colonizadas por cepas de meningococo com pouca ou nenhuma virulência, que vivem de forma comensal na nasofaringe (garganta) do hospedeiro sem causar sintomas e que pode persistir por semanas a meses. Porém, uma vez presente na mucosa da nasofaringe, a bactéria pode atingir a corrente sanguínea e causar quadros de gravidade variável, desde os benignos até quadros fulminantes em questão de horas.
O principal transmissor é o portador assintomático através do contato interpessoal (pessoas que residem no mesmo domicílio ou que compartilham o mesmo espaço físico, como internatos, creches, escolas etc) e eliminação de gotículas contaminadas na nasofaringe pela falta, tosse e espirro.
Aproximadamente 50% dos casos ocorrem em crianças menores de 2 anos de idade, com 25% dos casos em pessoas maiores de 30 anos. Algumas condições como baixa condição socioeconômica, habitações superpopulosas, exposição ao fumo e doenças crônicas de base estão associadas a maior risco de infecção meningocócica.
Em geral, os quadros são graves e caracterizados por mal-estar súbito, febre alta, calafrios, prostração e manifestações hemorrágicas na pele e mucosas. Muitos doentes desenvolvem quadros de sepse (conhecidos popularmente como quadro de infecção generalizada), meningite, meningoencefalite, choque séptico com disfunção múltipla de órgãos, culminando com o óbito. Quadros fulminantes podem se desenvolver em questão de horas, associados a grande comprometimento da função cardíaca, edema cerebral e coma, sendo que a maioria dos óbitos ocorre nas primeiras 48h após a hospitalização.
Mais uma vez, a vacinação é uma forma importante de prevenção da doença meningocócica. O esquema prosposto pelo Ministério da Saúde é de 2 doses da vacina meningocócica C conjugada aos 3 meses e 5 meses de idade, com dose de reforço entre 12-15 meses de idade. Além disso, atualmente, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda nova dose de reforço por volta dos 5 anos com a vacina meningocócica C conjugada e por volta dos 11 anos com a vacina meningocócica tetravalente. A imunidade conferida pela vacinacão dura em média 5 anos, motivando a indicação de doses de reforço a cada 5 anos.
Dra Marianne Karel V. Kawassaki
CRM 128079
Pediatria Geral e Terapia Intensiva Pediátrica